É fato: chegamos a Era do Superciclo de Inovação. A Inteligência Artificial, o ecossistema de dispositivos conectados e a biotecnologia são a chave para um novo mundo em gestação. Uma revolução sem precedentes na humanidade está a caminho e uma inevitável pergunta surge: qual será o nosso papel nesse amanhã?
Em “Como uma onda”, Lulu Santos canta:
“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará”
As palavras do eu lírico supracitado estão longe de serem um enigma complexo. Qualquer ser humano com mais do que um par de anos de vivência percebe que nada é eterno. É possível até mesmo relacionar esse primeiro verso a um princípio fundamental da filosofia chinesa: tudo muda, por isso não devemos esperar por um estado de coisas permanente, em nenhum âmbito de nossas vidas. Filósofos chineses, como Lao Tsé, ensinam que compreender a natureza da mudança é o caminho para extrair o melhor das circunstâncias, sejam elas boas ou ruins. No entanto, não há filósofo ou músico, ser humano que o valha, que esteja pronto para o futuro não tão distante que já se desenha: a era do superciclo de inovação.
Desde que o ChatGPT surpreendeu o mundo no final de 2022, os elementos de diferentes universos da ficção científica, que habitaram a imaginação das sociedades nos últimos anos, têm sido cada vez mais materializados. Há um movimento gigantesco acontecendo neste exato momento e não há mais ponto de retorno. Ultrapassamos o horizonte de eventos dessa singularidade, mas, diferentemente dos buracos negros, em que a ciência não sabe dizer o que acontece no interior dessas regiões, há uma saída do outro lado. E nós estaremos na linha de chegada. A questão é como chegaremos lá?
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Essa expressão foi apresentada por Amy Webb, fundadora e CEO do Future Institute, na edição deste ano do South by Southwest (SXSW), o maior festival de inovação do mundo, realizado em Austin, Texas. Suas palestras sempre geram altas expectativas e enorme concorrência por um lugar pelo público. O motivo é que todos os anos ela apresenta o que muitos consideram como um dos pontos altos da atração: um relatório de tendências tecnológicas mapeadas pelo seu instituto. Desta vez, a professora e futurista, abalou as estruturas ao prenunciar uma revolução inédita em tamanho e transformação.
Assista à palestra completa aqui! [áudio em português disponível]
Se você pensou em Inteligência Artificial, acertou 33,3% da origem desse novo paradigma. E é justamente por isso que Amy aponta um superciclo. As alterações que o mundo vivenciou até então foram impulsionadas por uma única tecnologia por vez. Não por acaso, ciclos, como foi o caso da revolução industrial e a chegada da internet. Desta vez, estamos diante da soma de três grandes forças: a Inteligência Artificial (IA), a biotecnologia e o ecossistema de dispositivos conectados. Essa intersecção está remodelando o mundo de forma simultânea. Segundo Amy, as consequências são "emocionantes e aterrorizantes ao mesmo tempo".
Os principais pontos apontados por Amy sobre essa fusão tecnológica são:
A Inteligência Artificial é a base desse processo, o que levanta algumas preocupações relacionadas à ética, uma vez que muitos modelos ainda têm graves problemas de vieses e falta de representatividade. Por isso, Amy crê que nos próximos dois anos haverá um período de ajustes para correções e melhorias nos modelos de linguagens.
Quanto aos dispositivos conectados, o futuro aponta para uma corrida pelas íris das pessoas, com máquinas capazes de antecipar seus pensamentos através da leitura do movimento das pupilas. O Vision Pro da Apple, lançado nos Estados Unidos no começo de fevereiro deste ano, com suas 14 câmeras, sensores de luz, câmeras infravermelhas, acelerômetros e giroscópios, surpreendeu o mundo com sua imersão e capacidades. Vídeos recentes têm mostrado, por exemplo, como esse aparelho de realidade aumentada potencializa a medicina. Não por acaso, a empresa da maçã tem investido em empresas de biotecnologia inovadoras, corroborando as previsões de Amy. Sem a pretensão de soar como uma IA preditiva, mas creio que em algum momento deste texto você tenha se perguntado sobre a sua privacidade. Pois Amy também, destacando a enorme quantidade de informações que esses equipamentos serão capazes de coletar. E sim, ela enfatizou a importância de se repensar esse tema nesse novo cenário tecnológico.
Anseios à parte, as possibilidades parecem saídas das páginas de romances de Isaac Asimov. Atualmente, os sistemas baseados em silício não conseguem processar informações como a biologia, mas imagine um computador que se comporte e pense como um ser humano. Como isso seria possível? Por meio de IA utilizando a linguagem da biologia para projetar e prever as propriedades de moléculas e proteínas. Os avanços seriam colossais, como o fim da escassez de alimentos, erradicação de doenças e solução das mudanças climáticas.
Se tudo ainda lhe soa pouco concreto, permita-me avançar no tempo para daqui a uma década com um exemplo prático. Estamos em 2034. Provavelmente ainda não teremos o skate voador do filme “De volta para o futuro II”, mas o design do seu computador vai te surpreender: não, não é algum novo lançamento da Apple feito por um holograma de uma inteligência artificial do Steve Jobs, mas uma célula cultivada do seu cérebro, perfeitamente preparada para as suas necessidades e estilo de vida, computação em DNA. E então, “Isso é muito Black Mirror” o bastante para você?
Voltemos ao passado, ou melhor, ao presente! Aqui, em 2024, Amy define o momento atual por medo, incerteza e dúvida, FUD em inglês para Fear, Uncertainty e Doubt. São sentimentos compreensíveis, pois tudo isso ainda soa abstrato. Um relatório do Fórum Econômico Mundial, de 2020, estimou que até 85 milhões de empregos podem ser perdidos para a automação até 2025, vulgo ano que vem! Se apenas a IA pode causar isso, imagine o impacto que a combinação com os outros movimentos tecnológicos provocará. As consequências atuais são líderes paralisados, tomando decisões com medo e baseados em FOMO (medo de perder oportunidades). Estamos vivenciando um período de uma grande transição o qual nenhum outro momento na história nos preparou, além disso, ameaças de guerra, problemas geopolíticos e mudanças climáticas se somam a esse pacote de preocupações.
Mas Amy não se propôs a apresentar uma visão distópica de um mundo corrompido; ao contrário, ela crê que a humanidade tem mais controle sobre seu futuro do que imagina e que, para atravessarmos esse processo em segurança, é fundamental que nos apoiemos uns nos outros.
O caminho para isso é compreender que nossas diferenças estão borradas nesse novo cenário. Toda essa conjuntura faz de nós uma única geração: a geração da transição (Geração T). Se ainda não ficou claro, nenhum de nós, seja qual for a letra que designa o seu grupo, tem qualquer preparo para o que está por vir. Desde a década de 90, a progressão tecnológica tem acelerado vertiginosamente e o salto que o mundo está para vivenciar vai nos levar a um novo modelo de sociedade. Para Amy, existem ações mais que necessárias que países e empresas devem tomar para mitigar os impactos:
Não faltam exemplos na história de empresas líderes de mercado que perderam sua relevância, como a BlackBerry, Nokia, Kodak, entre tantas outras.
Já ouviu falar em "Miopia em Marketing"? Entenda por que essas empresas citadas sofreram desse mal.
Resumindo, as principais lições que a Amy nos deixou em sua apresentação do SXSW deste ano são as seguintes:
Imaginar a criação de computadores a partir de células humanas ainda pode soar como uma improvável quimera, mas os rumos dos últimos dois anos demonstram que estamos desmantelando as barreiras da ficção em direção a um admirável mundo novo. Não há outra opção senão nos prepararmos da melhor forma possível, pois as consequências serão inevitáveis. Como disse Lulu Santos em outro trecho da música de abertura deste artigo:
“Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar”
E, assim como o nosso músico, Amy nos incentiva a agir, estimulando o público a lutar pelo futuro, compartilhando o conhecimento adquirido e trabalhando para criar um futuro próspero e resiliente. Afinal, a onda não precisa nos levar, podemos navegar nos mais turbulentos dos mares se nos prepararmos para a viagem.
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